CENOURA

CENOURA

Cenoura


Trazida ao Brasil pelos portugueses, acredita-se que as primeiras plantações ocorreram no século XIX no Estado do Rio Grande do Sul.

Hoje, a cenoura está entre as hortaliças mais consumidas pelo brasileiro, sendo amplamente cultivada em todo o País e em todas as estações do ano, com exceção da região Norte devido às condições climáticas. O estado que mais se destaca na produção dessa hortaliça é Minas Gerais, já que a região de São Gotardo adota um alto nível tecnológico. Outros estados também têm produção relevante como Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Bahia.

Estima-se que anualmente são cultivados cerca de 20 mil hectares, que resultam em uma produção de mais de 700 mil toneladas. “O fator climático mais relevante para a produção de cenoura é a temperatura porque, por ser uma espécie de clima ameno, originalmente ela não tolera bem o calor: o desenvolvimento e a produtividade de raízes ficam comprometidos em climas quentes”, alerta o pesquisador Agnaldo Carvalho.


Posicionamento dos produtos FBA na cultura:



Alternaria dauci

A queima das folhas por Alternaria dauci é a principal doença foliar da cenoura e teve seu primeiro relato na Alemanha, em 1855. Atualmente, a doença ocorre em todos os países produtores, sendo responsável pelos maiores prejuízos à cultura.

No Brasil, a doença ocorre em todas as regiões produtoras, sendo especialmente destrutiva nas épocas mais quentes e úmidas do ano. Não há informações sobre as perdas causadas pela doença no Brasil, mas em Israel foi relatada redução da produção de até 60%. Os danos causados pela queima das folhas dependem da cultivar utilizada, das condições climáticas locais e das medidas de controle empregadas pelo produtor.

Os sintomas nas folhas aparecem entre oito a 10 dias após a infecção do fungo, se iniciando nas folhas e nos pecíolos como pequenas lesões necróticas de aspecto encharcado, podendo estar circundadas por halos amarelos.

O fungo persiste no solo por períodos menores que um ano, morrendo assim que os restos culturais são decompostos. Outras fontes de inóculo são as plantas voluntárias de cenoura, além de outras espécies da família Apiaceae, como salsa, salsão, aipo e coentro.]

Cercospora carotae

A queima das folhas por Cercospora catotae também pode causar danos elevados à cultura da cenoura, principalmente em cultivares suscetíveis sob condições ambientais favoráveis, sem a adoção de medidas de manejo.

Os sintomas se iniciam com pequenos pontos necróticos nas folhas, que aumentam de tamanho e adquirem coloração castanha, podendo ou não ser circundados por um halo amarelo, com centro claro e acinzentado.

Os sintomas muitas vezes são similares aos causados por Ad e Xcc. A doença tem sido descrita como mais severa em folhas novas, geralmente precedendo a queima causada por Ad, que ocorre principalmente no final do ciclo da cultura.

A disseminação de Cc ocorre principalmente pelo vento, porém, os respingos de chuva ou de água de irrigação por aspersão também são importantes meios de disseminação. Em geral, as condições ambientais ótimas para o desenvolvimento da doença são as mesmas de Ad, sendo que temperaturas médias de 28°C favorecem a germinação dos esporos do fungo.

Como Ad, o fungo também pode sobreviver em restos culturais e ser transmitido por sementes, e tem como hospedeiros alternativos outras espécies do mesmo gênero da cenoura.

As medidas de manejo preconizadas para a queima das folhas causada por A. dauci também são recomendadas para Cc. Fungicidas à base de mancozeb, clorotalonil, fluazinam, tiofanato metílico, hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre e óxido cuproso são recomendados no controle químico da doença.

As cultivares de cenoura Brasília, Alvorada, Esplanada, Juliana e Planalto apresentam tolerância à queima das folhas.

Xanthomonas campestris pv. carotae

A doença, também conhecida como crestamento bacteriano, é de elevada importância em regiões de cultivo com altos índices pluviométricos ou onde se pratica a irrigação por aspersão.

Xcc pode infectar raízes, folhas, hastes, inflorescências e sementes. Os sintomas iniciais nas folhas são pequenas manchas amarelas com contornos angulares, que coalescem, se tornam escurecidas e com aspecto encharcado, em condições ambientais favoráveis.

Nas extremidades dos folíolos, os sintomas geralmente apresentam o formato de “V”, conferindo um aspecto de queima das folhas, muito semelhantes aos sintomas das queimas causados por Ad e Cc. Quebra de hastes florais e reduções de até 80% na altura destas são observados em plantas muito atacadas pela bactéria. Essas lesões podem atingir as inflorescências, causando o abortamento de flores.

A bactéria é encontrada em sementes, sendo uma importante fonte de inóculo primário, e para disseminação a longas distâncias. As sementes infectadas ou contaminadas por Xcc podem ter sua germinação comprometida. Além disso, a bactéria pode sobreviver no solo, associada a restos culturais.

As condições favoráveis para desenvolvimento da doença são temperaturas entre 25 e 30°C e chuvas frequentes ou água de irrigação por aspersão. Além da cenoura, a bactéria infecta naturalmente o coentro.

O manejo da doença está baseado na utilização de sementes de elevada qualidade fitossanitária. O tratamento térmico (52ºC/25 minutos) pode reduzir o percentual de contaminação das sementes por Xcc.

A rotação com espécies não-hospedeiras da bactéria por dois a três anos, remoção ou incorporação dos restos culturais ao solo também reduzem o inóculo bacteriano nas áreas de cultivo. Não há registro de produtos químicos ou biológicos para o manejo da doença.

https://revistacampoenegocios.com.br/qual-a-principal-doenca-da-cenoura/