ALHO
Estático por vários anos, o crescimento do consumo passou em 2020, de 30 milhões de caixas de 10kg para 36 milhões. os ultimos anos também registraram o aumento da área plantada em seis anos, o país saltou de 9500 hectares para 14 mil hectares em 2021, aproximadamente. A perspectiva, é que o alho nacional passe a substituir gradativamente o importado. ( segundo ANAPA - Associação nacional dos produtores de alhos)
O Brasil ocupa o 16° lugar no ranking de produção global de alho (em volume) e se apresenta como o segundo maior importador mundial, conforme relatório da Faostat (Food and Agriculture Organization of the United Nations), de 2019. De acordo com o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2017, o País soma 41 mil propriedades de alho, sendo que 87% são representadas por gestão familiar.
Devido ao alto grau de tecnificação da cultura em fazendas de maior escala, a produção, por outro lado, é mais concentrada nas propriedades não familiares (80% da produção). Mesmo que as fazendas familiares representem uma participação menor da produção, o alto valor agregado por hectare confere um diferencial de renda a esses agricultores.
Fonte: hfbrasil.org.br
Pragas na cultura do alho
As principais pragas da cultura do alho são ácaros, tripes, pulgões e nematoides que, além de causarem danos oriundos de seu ataque são vetores de algumas doenças, como as viroses do alho.
Conhecido popularmente por ácaro-do-bulbo ou micro acaro-doalho, possui tamanho reduzido, quase invisível a olho nu, corpo alongado, do tipo vermiforme, coloração que pode variar do branco ao creme. Alojados nas dobras das folhas e sobre os bulbilhos, os adultos causam danos decorrentes da sucção da seiva, que ocasiona má
formação das folhas, retorcimento característico (Figura 22), estrias cloróticas e, no caso de grandes infestações, murchamento e secamento da planta. Quando atacam o bulbo, causam seu chochamento, tanto em condições de campo quanto no armazenamento. São responsáveis também, pela transmissão dos vírus do grupo allexvírus (gênero Allexivirus, Família Alphaflexiviridae).
Figura 22. Sintomas de infestação de ácaros na parte aérea e no bulbilho do alho. Fotos: Francisco Vilela Resende e Marco Antônio Lucini.
O desenvolvimento desse ácaro é favorecido por temperaturas na faixa de 25ºC. O controle deve ser preventivo, com a imersão dos bulbilhos em acaricidas específicos. A imersão em solução de hipoclorito de sódio a 1%, por 4 horas com posterior lavagem (15 minutos) em água também é eficiente. No caso de infestações em campo, pulverizar com acaricida. Em ambos os casos, os produtos devem ser registrados para a cultura.
Consideradas a principal praga do alho, os Thripstabaci são insetos pequenos, medindo de 1 a 1,2 mm de comprimento. Sua coloração varia de amarelo a acastanhado claro. O aparelho bucal é do tipo picador sugador. As fêmeas fazem a postura na face inferior das folhas e, quando eclodem, as ninfas de coloração amarelo-esverdeada, se alojam no interior das bainhas, principalmente nas folhas centrais (Figura 23). Tanto os adultos quanto as ninfas raspam e sugam constantemente a seiva das folhas. O sintoma característico do ataque é o surgimento de manchas e estrias esbranquiçadas ou prateadas com posterior amarelecimento e ressecamento das folhas.
Figura 23. Sintomas do ataque e presença de tripes em folha de alho. Foto: José Luiz Pereira.
Em função do pequeno tamanho dos tripes e da arquitetura das plantas de alho, a detecção dessa praga é difícil, devendo ser realizado um monitoramento constante da lavoura. Uma vez detectados, deve-se proceder à pulverização com inseticidas recomendados. Medidas preventivas também podem ser adotadas, como a implantação de barreiras quebravento, rotação de culturas, eliminação de plantas daninhas e manejo adequado da cultura, dentre outras.
Ditylenchus dipsaci (Figura 24) é o nematoide com maior importância no Brasil, porém, outras espécies como Belonolaiumuslongicaudatus, D. destructor e Meloidogynechitwoodi, consideradas espécies quarentenárias A1 no Brasil e ocorrentes nos países da Europa, Ásia, África, América do Norte e do Sul e Oceania, representam séria ameaça à cultura.
Figura 24. Ditylenchus: nematoide de maior importância para a cultura do alho Fotos: Jadir B. Pinheiro.
Os sintomas incluem nanismo, inchaço, e extensa divisão longitudinal de cotilédones e folhas, as quais ficam curtas e espessas e muitas vezes apresentam manchas marrons ou amareladas devido a descolorações nos tecidos, além de inchaço acima do bulbo no pseudocaule, ficando com formato de charuto. As folhas podem cair e os bulbos tornam-se chochos. Também ocorre o amarelecimento a partir das raízes.
Escalas de cinza no bulbo aparecem de forma leve e suave, que posteriomente tornamse desidratados e leves (bulbos chochos). Com o progresso da doença pode ocorrer podridão mole que geralmente completa o processo de destruição, sendo esta acompanhada por um odor característico. Outro sintoma característico da presença desse nematoide, em altos níveis populacionais, é o fácil desprendimento das plantas ao serem puxadas, ficando o ‘prato' no solo e saindo apenas a parte aérea.
Durante a colheita, os bulbos infestados podem tornar-se tão leves que raramente são aproveitados. No armazenamento, os bulbos normalmente apresentam aparência esbranquiçada e uma textura farinhenta. Os sintomas em lotes de bulbilhos infectados muitas vezes não são aparentes, e a ocorrência de plantas assintomáticas não indica necessariamente à ausência de D. dipsaci. Os sintomas variam em função da densidade populacional do nematoide (Figuras 25 e 26).
Figura 25. Bulbilhos de alho infestados por Ditylenchus dipsaci. Foto: Jadir B. Pinheiro
Figura 26. Variação sintomatológica de plantas de alho infestadas por Ditylenchus dipsaci. Foto: Jadir B. Pinheiro.
A penetração nas plantas pode ocorrer pelos estômatos, lenticelas ou pelo ponto de emissão das radicelas em crescimento. A umidade do solo parece afetar tanto o movimento dos nematoides quanto sua longevidade. Durante períodos de precipitação ou irrigação da cultura, tornam-se ativos, movem-se até as raízes da planta mediante película de água e entram nas folhagens novas por meio dos estômatos.
Chuvas, água de irrigação, movimento de máquinas agrícolas e beneficiamento do alho (restos do processamento) também causam a disseminação de uma área para outra, no entanto, a principal forma de disseminação é por meio de tecidos vegetais (sementes, bulbos e bulbilhos infectados), além de pequenas partículas de solo que podem acompanhar materiais de alho.
A disseminação de D. dipsaci geralmente é mais lenta em solos argilosos comparado com os solos arenosos. As densidades populacionais em solo flutuam ao longo do tempo, dependendo do tipo de solo, condições climáticas, cultivar plantada e plantas hospedeiras presentes. Geralmente, níveis de danos são detectados com populações de 10 juvenis e/ou adultos por 500 g de solo.
A melhor forma de manejo para Ditylenchusdipsaci bem como para qualquer outra espécie é a prevenção, pois uma vez presentes em áreas de cultivo sua erradicação torna-se praticamente impossível, podendo inviabilizar áreas de plantio dependendo dos níveis populacionais presentes, bem como o abandono de áreas por parte dos produtores. Assim, conhecer o histórico da área, bem como a realização da amostragem para a detecção de nematoides são medidas fundamentais para se evitar a presença destes organismos na cultura do alho.
A utilização de sementes certificadas, no caso de bulbilhos, isentos do nematoide e o plantio em solos não infestados é medida preventiva de extrema importância. Outra
alternativa de eficácia no controle de nematoides na cultura do alho é o plantio de propágulos obtidos por meio de cultura de meristemas.
Outras medidas de manejo como o plantio de plantas antagonistas (crotalária - Crotalariaspectabilis, C. juncea, C. breviflora; cravo-de-defunto - Tagetespatula, T. minuta, T. erecta; as mucunas - Estizolobium spp.; e, mucuna-preta (Mucuna aterrima), o alqueive, a eliminação de restos de culturas e plantas hospedeiras, a solarização e o uso da Manipueira podem ser aplicadas na cultura do alho.
Consideradas pragas do armazenamento, as espécies Ephestia (Cadra) cautela (Walker, 1863), Ephestia elutella (Hübner, 1796) e Plodia interpunctella (Hübner, 1813) (Lepidoptera: Pyralidae) causam sérios danos nos bulbos, com perdas de qualidade, tornando-os impróprios para o consumo e comprometendo aqueles destinados ao uso como alho-semente. Essas espécies apresentam hábitos semelhantes - as lagartas recém-eclodidas (Figura 27 A) penetram nos bulbilhos e, em função das galerias formadas durante a alimentação, danifica-os totalmente (Figura 27 C), causando prejuízos na ordem de 10%.
Figura 27. Adultos da traça do alho (A); lagartas recém-eclodidas (B); bulbos danificados el função do ataque das lagartas (C). Fotos: Miguel Michereffi Filho.
Os sintomas da presença dessas pragas caracterizam-se pelo surgimento de bulbos chochos e de fezes isoladas ou ligadas entre si por fios de seda, que formam longos cordões sobre os bulbilhos.
A manutenção da limpeza dos armazéns, deixando-os isentos de restos de alhos de safras anteriores, bem iluminados e com boa ventilação são medidas de controle, uma vez que armazéns sujos, escuros e abafados favorecem a infestação e o desenvolvimento das traças.