BATATA

BATATA

        No Brasil, a batata é a hortaliça mais importante, com uma produção anual de aproximadamente 3,5 milhões de toneladas em uma área de cerca de 130 mil hectares. De acordo com Associação Brasileira da Batata (ABBA), o agronegócio da batata envolve em torno de 5 mil produtores em 30 regiões de sete estados brasileiros (MG, SP, PR, RS, SC, GO e BA)

        A maior parte da produção nacional é comercializada in natura, sendo apenas 10% destinados ao processamento industrial, nas formas de pré-frita congelada, chips e batata palha. Comparado aos dois terços da produção destinados ao processamento nos países do Nordeste da Europa, o uso industrial é muito baixo no Brasil. Portanto, no país ainda há muito espaço para crescimento do processamento industrial, que é uma tendência irreversível, tendo em vista a mudança de hábitos da população que cada vez mais faz as suas refeições fora de casa; a necessidade de produtos de preparo mais rápido.



Pragas e métodos de controle

Descrição e biologia

Conhecida popularmente como larva alfinete, na fase larval, e como vaquinha ou patriota, na fase adulta, é uma das principais pragas da cultura da batata. Os adultos são besouros que medem aproximadamente 5 mm a 6 mm de comprimento e possuem seis manchas amarelas nos élitros verdes (Figura 1).

Foto: Heraldo Negri de Oliveira

Figura 1. Adulto de Diabrotica speciosa.

As fêmeas colocam em média 400 ovos em rachaduras no solo na proximidade das plantas. Os ovos são globulosos e de coloração amarelada, medindo cerca de 0,5 mm de diâmetro. O período de incubação varia de sete a 14 dias, dependendo da temperatura. Ao eclodir, as larvas alimentam-se de estolões e tubérculos, sendo que nestes últimos, constroem galerias, depreciando estes para o consumo e indústria. A duração da fase larval também oscila com a temperatura, podendo ser de 12 a 30 dias. A fase pupal ocorre no solo, em câmaras pupais, apresentando uma duração de aproximadamente 12 dias, após a qual emergem os adultos.

Danos

A vaquinha danifica tanto a parte aérea quanto os tubérculos. Os adultos chegam às lavouras de batata a partir da emigração de lavouras de milho, feijão e soja, entre outras e se alimentam dos folíolos, porém não causam maiores danos à produção, uma vez que as infestações ocorrem após as plantas terem desenvolvido boa massa foliar. Os danos mais significativos são causados pelas larvas que se alimentam dos tubérculos, reduzindo o seu valor comercial (Figura 2).

Foto: Carlos A. Lopes

Figura 2. Danos causados nos tubérculos pelas larvas de Diabrotica speciosa.

Controle

O controle é realizado, principalmente, com uso de inseticidas registrados, conforme indicação no Agrofit, do MAPA.

Descrição e biologia

Os pulgões são pequenos insetos que sugam a seiva das plantas. As duas principais espécies que atacam a batata são Macrosiphum euphorbiae eMyzus persicae (Figura 3).

Foto: Dori Edson Nava

Figura 3. Pulgão no estádio de ninfa sobre a folha de batata.

Na espécie M. euphorbiae, tanto os indivíduos ápteros quanto os alados são de coloração verde, sendo a cabeça e o tórax amarelados e as antenas escuras. Na forma áptera, os pulgões são maiores que os alados que medem aproximadamente 3 mm a 4 mm de comprimento. A espécie M. persicaemede cerca de 2 mm de comprimento, sendo que as formas ápteras apresentam coloração verde-clara, e os alados, verde. A cabeça, as antenas e o tórax são pretos. De uma maneira geral, o desenvolvimento dos pulgões ocorre em 10 dias e as ninfas passam por quatro ecdises. A reprodução se dá por partenogênese, e cada fêmea origina, em média, 80 indivíduos.

Danos

Os danos diretos causados por pulgões consistem na sucção de seiva, ocasião em que podem injetar saliva tóxica. Entretanto, as perdas ocorrem somente quando a população da praga é elevada. O principal dano provocado por pulgões é indireto, pelo fato de serem vetores de vários vírus, como o PVY e o PLRV, causadores do mosaico e enrolamento das folhas, respectivamente.

Controle

O controle inicia-se pelo monitoramento da população dos pulgões, usando bandejas amarelas com água. Também, pode-se realizar a contagem de pulgões em 100 folhas por hectare, duas vezes por semana. Quando forem encontrados mais de 20 pulgões alados nas bandejas ou mais de 30 pulgões ápteros por folha em cada observação, deve-se realizar o controle com inseticidas registrados no MAPA (Agrofit, 2015). Recomenda-se também espalhar sobre o solo palha de arroz, que reflete os raios ultravioletas, fazendo com que os pulgões alados não pousem nas plantas. Além dessas recomendações, devem ser preservados os inimigos naturais, como as joaninhas e o bicho-lixeiro, usando inseticidas seletivos.

Descrição e biologia

Trata-se de um díptero de coloração preta, a fêmea mede cerca de 1,5 mm e o macho um pouco menos. A postura é realizada no interior do tecido vegetal, numa quantidade que pode variar de 500 a 700 ovos. O período de incubação varia de dois a oito dias, dependendo da temperatura. As larvas são cilíndricas, de cor branca e ápodas. A fase de larva varia de sete a 15 dias. As pupas são formadas nas folhas, no caule e, principalmente, no solo, permanecendo nesse estágio de nove a 15 dias. Os adultos vivem entre 10 e 20 dias. O ciclo completo do inseto varia de 21 a 28 dias.

Danos

A fêmea adulta alimenta-se do conteúdo celular que extravasa de perfurações por ela realizadas, sendo também chamadas de minas ou puncturas. As minas aparecem primeiro nas folhas mais velhas e, dependendo do nível de infestação, podem chegar às folhas superiores (Figura 4). O dano da mosca-minadora reduz a área fotossintética da planta e a predispõe a doenças fúngicas. Quando o ataque é intenso pode inviabilizar prejudicar o tecido foliar, levando a planta à morte.

Foto: Heraldo Negri de Oliveira

Figura 4. Presença de minas em folhas de batata, causadas por larvas da mosca-minadora.

Controle

O controle químico de adultos e larvas pode ser realizado com inseticidas de diferentes grupos químicos registrados (Agrofit, 2015). Não há nível limiar de dano, devendo-se realizar as aplicações assim que for constatada a presença da praga nas lavouras. Após a colheita, o agricultor deve incorporar os restos culturais, pois estes abrigam pupas e larvas da mosca-minadora, servindo de fonte para a manutenção do inseto. Devido à pequena duração do ciclo biológico e à intensidade de aplicações de inseticidas, deve-se optar sempre por rotacionar aqueles com modos de ação diferentes, evitando assim a seleção de insetos resistentes. Por outro lado, deve-se optar também por inseticidas seletivos aos inimigos naturais.

Descrição e biologia

Os adultos da traça possuem hábito noturno, permanecendo durante o dia refugiados nas folhas da batata ou na vegetação vizinha. Apresentam coloração geral acinzentada, medindo de 10 mm a 12 mm de envergadura. As asas anteriores apresentam pequenas manchas irregulares escuras, ornadas com pelos nas bordas, sendo as asas posteriores de coloração acinzentada. Os adultos vivem de 10 a 15 dias, podendo ser encontrados durante todo o ano, tanto no campo como nos armazéns. Cada fêmea coloca em média 300 ovos individualizados, próximos das nervuras da superfície inferior das folhas, nos pecíolos, gemas e brotações novas dos tubérculos. Os ovos são brancos, lisos e globosos. Após cinco dias, as larvas eclodem e se alimentam do mesófilo foliar, formando as minas, de aparência mais grosseira do que as provocadas pela mosca-minadora. As larvas no último ínstar chegam a medir 12 mm de comprimento e possuem coloração rosada no dorso. No final da fase larval, saem do substrato e procuram um local para empupar, construindo uma proteção com fios de seda. A duração do período ovo-adulto é de cerca de 30 dias a 25 °C.

Danos

As larvas causam danos (minas) primeiramente nas folhas e ramos e, com a morte da planta, passam a atacar também os tubérculos, construindo galerias onde se podem ver suas fezes (Figura 5). As perdas podem se estender para tubérculos armazenados.

Foto: Heraldo Negri de Oliveira

Figura 5. Larva de Phthorimaea operculella alimentando-se do tubérculo de batata.

Controle

Dentro do conceito de manejo integrado, podem ser utilizadas várias medidas preventivas, tais como: plantio de sementes sadias – para evitar a entrada do inseto na lavoura; preparo adequado do solo - a fim de evitar formações de torrões, que servirão de abrigo para os adultos da traça; plantio na profundidade adequada à época; realização da amontoa - pois esta é uma importante barreira física que dificulta o acesso de adultos e larvas da traça aos tubérculos; uso de irrigação por aspersão - a fim de diminuir as rachaduras no solo, dificultando assim o acesso da traça aos tubérculos; eliminação de solanáceas - consideradas plantas hospedeiras; colheita na época certa e separação e eliminação de tubérculos infectados durante a lavagem e classificação; armazenamento em locais limpos desinfetados e protegidos - pois a traça encontra condições favoráveis em armazéns sujos e mal manejados; limpeza e desinfestação com pulverizações e expurgos; e armazenamento dos tubérculos em câmaras frias a aproximadamente 10 °C.

A preservação e manutenção dos inimigos naturais contribuem, também, para manter a população da praga em baixa densidade populacional, o que reduz a necessidade do controle químico, que, quando necessário, pode ser realizado no campo ou nos armazéns com inseticidas recomendados (Agrofit, 2015).

Descrição e biologia

Os adultos medem aproximadamente 3 mm de comprimento e são de coloração verde-pálida e verde-prateada. A postura é realizada, preferencialmente, ao longo das nervuras da folha. Cada fêmea coloca em torno de 60 ovos. As ninfas são de coloração verde mais clara e têm o hábito de se locomover lateralmente. A duração do período de ovo-adulto é de aproximadamente 21 dias.

Danos

O ataque às lavouras de batata é esporádico e desuniforme, favorecido pelo clima úmido. Os insetos vivem na parte abaxial (de baixo) dos folíolos, alimentando-se da seiva da planta. Também injetam saliva tóxica, causando a paralisação do crescimento, o encarquilhamento e a necrose dos folíolos e das folhas. Sob ataque severo, as plantas atacadas morrem prematuramente.

As cigarrinhas podem transmitir alguns vírus, embora sua ocorrência seja rara.

Controle

Deve ser realizado a partir da constatação das cigarrinhas nas lavouras. Para tal, recomenda-se observar a sua presença na parte inferior dos folíolos ou utilizar redes entomológicas, bem como armadilhas amarelas. Os inseticidas recomendados para o controle químico, quando necessário, estão listados no Agrofit (2015).

Descrição e biologia

Em batata, a espécie de lagarta-rosca mais frequentemente encontrada causando danos é Agrotis ipsilon. Os adultos são mariposas de aproximadamente 40 mm de envergadura, cujas asas anteriores são marrons com algumas manchas pretas e as posteriores, semitransparentes. As fêmeas podem colocar até 1000 ovos, realizando posturas em rachaduras no solo ou diretamente no colo das hastes das plantas de batata. O período de incubação varia de cinco a sete dias. As lagartas apresentam coloração pardo-acinzentada escura, atingindo até 45 mm de comprimento. Possuem atividade noturna e durante o dia permanecem enroladas (Figura 6) e refugiadas sobre resto de vegetais ou sob os primeiros centímetros do solo. A duração do período ovo-adulto é de aproximadamente 35 dias.

Foto: Heraldo Negri de Oliveira

Figura 6. Larva de Agrotis ipsilon enrolada sobre o solo.

Ocorre especialmente em solos arenosos, com boa drenagem e aeração. Culturas que antecedem à batata têm influência na incidência dessa lagarta, pois algumas são hospedeiras da mesma.

Danos

Essas lagartas-roscas cortam os caules das plantas jovens e danificam os tubérculos mais superficiais, realizando perfurações. Cada lagarta pode destruir até quatro plantas com 10 cm de altura.

Controle

Pode-se realizar o controle químico com a aplicação de inseticidas registrados (Agrofit, 2015).

Descrição e biologia

Trata-se de um inseto polífago que se alimenta de várias solanáceas e plantas hortícolas. O adulto é um besouro que mede de 10 mm a 15 mm de comprimento. Epicauta atomaria possui coloração cinza e pontos pretos distribuídos sobre os élitros e é mais comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (Figura 7), enquanto E. suturalis, apresenta o corpo de coloração escura e é mais frequente no Centro-Oeste do Brasil (Figura 8). A postura é realizada no solo, em grupos de 50 a 80 ovos e as larvas não causam danos aos tubérculos.

Foto: Heraldo Negri de Oliveira

Figura 7. Adulto de vaquinha ou burrinho alimentando-se de folhas de batata.

Foto: Carlos A. Lopes

Figura 8. Adultos de Epicauta suturalis se alimentando em folhas de batata.

Danos

Alimentam-se de folhas deixando apenas as nervuras e quando a população é grande podem causar desfolha total.

Controle

O controle mais utilizado é o químico (Agrofit, 2015).

https://www.embrapa.br/hortalicas/batata/pragas