A
produção mundial de citros é de aproximadamente 102 milhões t por ano, e é
oriunda de extensa área cultivada, com 7,3 milhões ha, que supera em grande
parte outras fruteiras tropicais e subtropicais como banana, maçã, manga, pêra,
pêssego e mamão. Os maiores produtores de laranjas são o Brasil e os Estados
Unidos, que juntos representam cerca de 45% do total mundial. Destacam-se ainda
nesse panorama África do Sul, Espanha e Israel, com a produção de laranjas para
o mercado in natura e tangerinas, e o México, com a lima ácida Tahiti, além dos
novos parque citrícolas emergentes na Ásia, como a China.
No
Brasil, a produção de citros ocorre principalmente no Estado de São Paulo, onde
encontram-se cerca de 85% da produção brasileira de laranjas (14,8 milhões t;
700 mil ha); também, na ordem de aproximadamente 1,5 milhão t, destaca-se a
produção de Tahiti e tangerinas, como a Ponkan e o tangor Murcott. Outros
estados como Bahia, Minas Gerais, Pará, Paraná e Rio Grande do Sul contribuem
para o agronegócio dos citros com a produção, principalmente, de laranjas,
tangerinas e Tahiti.
As laranjas
representam a principal espécie cítrica cultivada no País. A pujança da
produção brasileira deve-se ao grande mercado mundial de exportação de suco.
Com o conhecimento das qualidades nutricionais, a demanda para o suco cítrico
tem crescido. A produção de citros in natura para o mercado interno e externo
tem-se destacado pela crescente necessidade da melhoria da qualidade dos frutos.
Posicionamento dos produtos FBA na cultura
PRINCIPAIS
DOENÇAS DOS CITRUS Greening ou
HLB em Citros O greening ou huanglongbing (HLB)
é considerada a doença mais importante da citricultura atualmente.
A doença é provavelmente
causada por bactéria, sendo a Candidatus Liberibacter asiaticus a
principal no país, tendo como vetor o psilídeo Diaphorina citri .
No Brasil, a doença foi
identificada em 2004 e hoje está presente nos estados de São Paulo, Minas
Gerais e Paraná.
Está doença tem perdas na
produção, tornando as plantas infectadas improdutivas em poucos anos e, quando
em plantas novas, podem chegar a nem produzirem.
Os sintomas do HLB são
ramos com as folhas amarelas, que progridem para folhas mosqueadas e cloróticas
assimétricas quando maduras, podendo apresentar também espessamento e coloração
amarelada da nervura.
Inicialmente os sintomas
aparecem setorizados na planta, que com o progresso da doença atingem toda a
planta, podendo apresentar desfolha.
Além disso, pode-se
observar que os frutos ficam deformados, assimétricos, pequenos e não
amadurecem normalmente, talvez até ocasionando na queda prematura. Outro
agravante é que o suco desses frutos é mais ácido que o de frutos normais.
Além da bactéria se
desenvolver em plantas de citrus, também pode estar presente em murta (Murraya
paniculata ).
O HLB apresenta alto custo
de manejo da doença, além de não existir variedades resistentes a doença. Para
evitá-lo, algumas medidas de manejo
são :
o Evitar
plantios em áreas com alta incidência da doença;
o Mudas sadias,
pois a bactéria pode ser transmitida por enxertia;
o Inspeção
das plantas;
o Erradicação
das plantas doentes;
o Monitoramento
do vetor: para saber o local de ocorrência e o momento de controle;
o Controle
do vetor com inseticidas;
o Controle
biológico (Tamarixia
radiata );
o Manejo
regional: plantas com a doença de um local pode servir de fonte de inóculo para
pomares vizinhos. Por isso, é importante o monitoramento, a eliminação de
plantas doentes e o controle do psilídeo em escala regional.
Lembrando que o controle
químico de doenças e pragas dos citrus deve ser realizado utilizando produtos
registrados para a cultura. Além disso, se a produção for destinada para a
exportação, deve-se atentar aos produtos químicos que não são permitidos nesses
países.
Você pode verificar a
lista desses produtos indicados para a citricultura no ProteCitrus (Produtos
para Proteção da Citricultura).
Cancro
cítrico
Doença causada pela
bactéria Xanthomonas
citri subsp. citri , que causa sintomas nas folhas, ramos e frutos.
As lesões do cancro são
inicialmente de aspecto encharcado e evoluem para pústulas de coloração marrom.
Com o progresso da doença,
as lesões se tornam circulares, salientes, podendo ou não apresentar um halo
amarelo. Nos frutos as lesões podem formar rachaduras.
Fonte: Fundecitrus .
Essa doença é disseminada
por chuvas, máquinas, equipamentos, material de colheita e mudas contaminadas.
A bactéria entra na planta
por estômatos ou por ferimentos. O minador dos citros (Phyllocnistis citrella )
provoca ferimentos (galerias) nas folhas que favorece a entrada da bactéria.
Vale frisar que o minador
dos citros não é vetor da doença, ela somente faz galeria nas plantas o que
propícia a entrada da bactéria na planta.
Além das perdas de
produção, a doença é importante devido a restrição de comercialização dos
frutos para áreas que a doença não ocorra.
Algumas medidas de manejo do cancro cítrico são:
o Mudas
sadias;
o Uso de
variedades menos suscetíveis;
o Reduzir a
entrada e limpeza de máquinas e implementos agrícolas vindos de outros locais;
o Pulverização
das plantas com cobre para proteção dos brotos e frutos jovens
o Quebra-vento;
o Controle
do minador dos citros;
o Erradicação
de plantas sintomáticas.
Podridão
floral ou estrelinha nos citros
Esta doença é causada por
fungos dos complexos Colletotrichum acutatum e C.
gloeosporioides .
As primeiras lesões podem
ser observadas nas pétalas com coloração alaranjada e o estigma e estilete de
cor escura. Já os frutos recém-formados ficam amarelos e caem, o que afeta
diretamente a produção.
Fonte: Fundecitrus .
Mesmo os frutos
recém-formados caírem, os cálices e os pedúnculos desses frutos ficam aderidos
nos ramos, o que recebe o nome de estrelinha, podendo ficar retidos durante um
longo tempo.
A podridão floral ocorre
nos estágios de botão floral, sendo favorecida por período de molhamento, com
umidade relativa acima de 90% e temperatura entre 10 a 30°C, por isso, a
importância da chuva para esta doença. Com essas condições podem ocorrer
redução de 80% da produtividade.
Algumas medidas de manejo para a podridão floral são :
o Práticas
para antecipar a floração: para que a floração não seja no mesmo período de
condições ideais para o desenvolvimento do fungo;
o Controle
químico com fungicidas dos grupos estrobilurinas e triazóis, quando em
condições favoráveis para a doença, visando proteger as flores;
o Adubação
equilibrada.
Pinta
preta ou mancha preta dos citros
A pinta preta é causada
pelo fungo Phyllosticta citricarpa . Como o próprio
nome sugere, causa pintas nos frutos e pode levar à queda, o que
reduz a produção das plantas.
Além da redução da
produção, essa doença pode inviabilizar a comercialização dos frutos in natura,
pois os frutos apresentam manchas na sua casca. Entretanto, a doença
não afeta a qualidade do suco.
Existem 6 tipos de lesões
com diferentes denominações da pinta preta.
Sintomas da mancha preta em frutos :
1.
(1) mancha preta ou dura
2.
(2) falsa melanose
3.
(3) mancha sardenta
4.
(4) mancha rendilhada
5.
(5) mancha trincada
6.
(6) mancha virulenta.
Variedades de citrus de
maturação tardia e pomares mais velhos são os que apresentam maiores prejuízos
com a pinta preta, que também é favorecida por períodos chuvosos.
Além disso, variedades de
laranjas doce, tangerinas e híbridos, são hospedeiras da doença. No entanto, a
lima ácida Tahiti não apresenta sintomas.
Outro ponto importante da
pinta preta é que é uma doença quarentenária, dessa forma, os países livres
desse fungo impedem a entrada de frutos de áreas contaminadas.
Por isso, medidas de
manejo se tornam muito importantes nos pomares brasileiros, pois uma vez que a
doença entra no pomar é difícil a sua eliminação.
Algumas medidas para o manejo da pinta preta nos pomares
citrícolas são :
o Controlar
a entrada de material e veículos nos pomares: retirar restos de material
vegetal dos implementos e veículos agrícolas, desinfetar material de colheita e
veículos e minimizar o trânsito de materiais de diferentes áreas de citrus;
o Mudas
sadias e certificadas;
o Boa
nutrição das plantas;
o Inspeção
das plantas: deve-se inspecionar para que o fungo não se espalhe pelo pomar.
Por isso, verifique os frutos do terço inferior da copa, principalmente onde há
maior luminosidade.
o Controle químico:
o uso de fungicidas pode ser uma alternativa, pois a cada 1 real gasto com
pulverizações pode deixar de perder 5 a 25 reais com a doença .
Fungicidas a base de cobre estrobilurinas podem ser utilizados para o controle
e não inviabilizam a comercialização para outros países;
o Poda de
ramos secos;
o Remoção
de folhas caídas;
o Antecipar
a colheita em talhões mais velhos em que a doença esteja em alto nível.
Clorose
variegada dos citros (CVC) ou amarelinho dos citros
Doença causada pela
bactéria Xylella
fastidiosa , sendo que as laranjas doces são as mais suscetíveis
à doença.
Os sintomas são observados
em folhas e frutos. Nas folhas observa-se manchas pequenas e amarelas de forma
variegada na parte superior e na parte inferior, as manchas são normalmente de
coloração palha.
Já os frutos ficam
pequenos, duros e apresentam maturação precoce, o que reduz a produção.
O vetor dessa doença são
as cigarrinhas da família Cicadelidae . A transmissão
da CVC também pode ocorrer por enxertia.
Algumas medidas de manejo para CVC são :
o Mudas sadias;
o Poda das
partes das plantas com sintomas e no local da poda utilizar pasta cúprica;
o Erradicação
de plantas com sintomas severos da doença ou plantas jovens até 3 anos de
idade, pois a bactéria já se espalhou por toda a planta;
o Controle
químico das cigarrinhas baseado no monitoramento.
Leprose
dos citros
A doença é causada pelo
vírus (Citrus
leprosis virus - CiLV) e é transmitida pelo ácaro Brevipalpus
phoenicis . Este vírus fica restrito ao ponto de alimentação do
ácaro e não se distribuí por toda a planta, que atinge principalmente as
laranjas doces.
Laranjas doces são as mais
atingidas pela leprose. Os sintomas iniciais são lesões arredondadas
amareladas, com anéis concêntricos no centro da lesão. Com o progresso da
doença, as lesões ficam avermelhadas e escamadas, podendo ocorrer a queda prematura
das folhas.
E nos frutos essas lesões
também ocorrem, podendo se tornar necróticas. Frutos com lesões abundantes
podem cair precocemente.
Algumas medidas de manejo para a leprose são :
o Mudas
sadias;
o Poda de
ramos com sintomas do vírus;
o Colheita
antecipada dos frutos;
o Pulverização
com acaricida quando em altas populações de ácaros da leprose.
PRINCIPAIS
PRAGAS DOS CITRoS
Além dos vetores de
doenças que comentamos acima, como psilídeo, cigarrinha e o ácaro da leprose,
também o minador do citrus, que faz galerias nas folhas e facilita a entrada da
bactéria do cancro cítrico, outras pragas que podem ocorrer nos pomares citrícolas
são:
Mosca das
frutas
Existem 3 tipos de moscas
das frutas que podem ocorrer no Brasil: mosca sul-americana (Anastrepha
fraterculus ), mosca do Mediterrâneo (Ceratitis capitata ) e a
mosca-da-mandioca (Neosilba spp. ).
Para alguns
pesquisadores, a Neosilba spp. é
considerada praga secundária quando infesta frutos já danificados, porém,
há outras pesquisas que essa mosca da fruta pode ser considerada praga
primária.
1.
(A) Anastrepha fraterculus
2.
(B) Ceratitis capitata
3.
(C) Neosilba zadolicha
Em ataques de mosca das
frutas podem ocorrer redução de 30-50% de produção de citros.
Os danos se iniciam quando
as fêmeas das moscas das frutas colocam os ovos no interior dos frutos de
citros, que desses eclodem larvas, que se alimentam da polpa do fruto, o que
provoca a destruição da polpa e a queda dos frutos.
Após o desenvolvimento larval,
as larvas saem dos frutos e caem no solo onde forma pupa e posteriormente se
transformam em adultos.
Algumas medidas de manejo que podem ser utilizadas para moscas
das frutas são :
o Coleta
dos frutos caídos com ataque de mosca das frutas e enterrá-los;
o Controle
químico por pulverizações convencionais e em iscas tóxicas.
Bicho
furão
O bicho furão (Gymnandrosoma
aurantianum ) quando adulto é uma mariposa, que deposita um ovo na
casca de cada fruto. Após a eclosão da lagarta ela penetra no fruto e se
alimenta da polpa.
Para que você não confunda
o ataque de mosca das frutas e do bicho furão, a principal diferença é que
quando o fruto é atacado por mosca das frutas, o local no fruto fica mole e
apodrecido, já o ataque de bicho furão provoca excrementos e restos de
alimentos na parte externa do local de ataque e ocorre o endurecimento da casca
do fruto.
Algumas medidas de manejo que podem ser utilizadas para bicho
furão são :
o Coletar
os frutos com ataque de bicho furão e enterrá-los;
o Realizar
a colheita o mais rápido possível;
o Controle
químico com inseticidas;
o Controle
biológico (ex. inseticidas a base de Bacillus thuringiensis );
o Uso de
reguladores de crescimento.
Para te auxiliar com a
identificação e o manejo das doenças e pragas no seu pomar consulte um(a)
engenheiro(a) agrônomo(a).