SOJA

SOJA

A soja é, no Brasil, um dos principais itens da produção agrícola, sendo o segundo maior produtor mundial e o maior exportador mundial, movimentando sua cadeia produtiva do agronegócio. No biênio 2016/2017, a cultura ocupou uma área de 33,890 milhões de hectares, o que totalizou uma produção de 113,923 milhões de toneladas, tendo como maiores Estados produtores os Estado do Mato Grosso, Paraná e Rio grande do Sul

Soja no mundo

Produção: 337,298 milhões de toneladas

Área plantada: 122,647 milhões de hectares

Fonte: USDA

Soja no Brasil (maior produtor mundial do grão)

Produção: 124,845 milhões de toneladas

Área plantada: 36,950 milhões de hectares

Produtividade: 3.379 kg/ha

Fonte: CONAB


Manejo FBA  na Soja







Quais as principais pragas e doenças que afetam a soja?

  1. Ferrugem-asiática em soja (Phakopsora pachyrizi)
  2. Podridão radicular de fitóftora (Phytophthora sojae)
  3. Antracnose (Colletotrichum truncatum)
  4. Mancha-alvo (Corynespora cassicola)
  5. Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum)
  6. Oídio (Microsphaera diffusa)
  7. Podridão-de-carvão (Macrophomina phaseolina)
  8. Crestamento foliar de cercospora (Cercospora kikuchii)
  9. Mancha-parda ou septoriose (Septoria glycines)

 

1. Ferrugem-asiática em soja (Phakopsora pachyrizi)

Na lista das principais doenças de soja, a ferrugem-asiática ocupa a primeira posição. Foi registrada no Brasil, pela primeira vez, em 2001, espalhando-se rapidamente pelas regiões produtoras. Por ser, hoje, a enfermidade com maior potencial de dano à cultura no país, vamos nos ater um pouco mais às suas características.

“Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, seu principal dano é a desfolha precoce, o que impede a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade”, relata Cláudia.

Doença ferrugem-asiática em soja (Phakopsora pachyrizi)Folhas infectadas pelo fungo da ferrugem-asiática tornam-se amarelas, ficam secas e caem

Condições de desenvolvimento da Ferrugem-Asiática em soja

Segundo ela, o fungo se dissemina pelo vento e pode incidir em qualquer estádio da cultura. Porém, é mais comum após o fechamento da folhagem, em razão do acúmulo de umidade e da menor incidência de radiação solar nas folhas baixas, por onde a doença tende a começar.

O processo de infecção depende da disponibilidade de água livre na superfície da folha, sendo necessárias, no mínimo, seis horas, com um máximo de infecção ocorrendo com 10 a 12 horas de molhamento foliar. Temperaturas entre 18 °C e 26,5 °C são favoráveis. Epidemias da doença são favorecidas por chuvas bem distribuídas ao longo da safra.

Sintomas da Ferrugem-Asiática em soja

A ferrugem-asiática se inicia pelo terço inferior da planta. Os sintomas aparecem como minúsculas pontuações – no máximo 1 mm de diâmetro – mais escuras que o tecido sadio da folha, com coloração de esverdeada a cinza-esv

erdeada.

A confirmação é feita pela constatação, no verso da folha, de saliências semelhantes a pequenas feridas ou bolhas (são as estruturas de reprodução do fungo – urédias). 

Com o passar do tempo, as folhas infectadas tornam-se amarelas, ficam secas e caem. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho dos grãos e, consequentemente, maior a perda do rendimento e da qualidade (grão verde).

 

2. Podridão radicular de fitóftora (Phytophthora sojae)

Desde a safra 2005/06, quando mortes generalizadas de plantas de soja foram observadas no Brasil, o combate à podridão radicular por fitóftora registrou progressos importantes. Empresas de melhoramento de soja têm pesquisado cultivares tolerantes a essa doença e desenvolvido testes para caracterizar suas linhagens.

Doença podridão radicular de fitóftora (Phytophthora sojae)Planta com podridão-radicular (Foto: Embrapa)

Condições de desenvolvimento Podridão radicular de fitóftora

O patógeno desenvolve estruturas de resistência, que permanecem viáveis em restos de cultura e no solo por muitos anos. Em estádios mais avançados, os sintomas variam com o nível de resistência/tolerância da cultivar.

As condições climáticas ideais para ocorrência de falhas na emergência e do tombamento em plântulas são temperaturas em torno de 25 °C e elevada umidade no solo durante a semeadura e a emergência. Solos compactados e semeadura direta também aumentam a intensidade da podridão. 

Sintomas Podridão radicular de fitóftora

Podem ser observados desde a pré-emergência até a fase adulta, sendo que plantas mais jovens têm maior suscetibilidade e morrem rapidamente. Em pré-emergência, pode ocorrer apodrecimento de sementes ou flacidez e escurecimento na radícula e nos cotilédones. Sementes infectadas germinam lentamente e, quase sempre, as plântulas morrem na emergência. 

As folhas ficam amareladas, e a planta murcha, seca e morre, permanecendo as folhas presas à planta, voltadas para baixo. Promove a destruição quase completa de raízes secundárias e o apodrecimento da raiz principal, que adquire coloração marrom-escura. Plantas infectadas podem aparecer isoladas entre plantas sadias, geralmente onde há acúmulo de umidade no solo.

 

3. Antracnose (Colletotrichum truncatum)

Um dos principais problemas da soja no Cerrado é a antracnose. Essa doença afeta a fase inicial de formação de vagens, podendo causar sua queda ou mesmo a deterioração das sementes. Pode acarretar a perda total da produção, mas, com maior frequência, causa redução do número de vagens.

Doença Antracnose (Colletotrichum truncatum)Vagens atingidas pela antracnose (Fotos: J. Yonirori/ Embrapa)

 

Condições de desenvolvimento da Antracnose

A alta umidade e a temperatura, características da região Centro-Oeste do país, criam condições para o surgimento da doença. O uso de sementes infectadas e deficiências nutricionais, principalmente de potássio, contribuem para a sua ocorrência. Sementes oriundas de lavouras que sofreram atraso de colheita, por causa de chuvas, podem apresentar índices mais elevados de infecção. 

Sintomas da Antracnose

Pode causar morte de plântulas e manchas negras nas nervuras das folhas, hastes e vagens. Pode haver queda total das vagens ou deterioração das sementes quando há atraso na colheita. As vagens infectadas nos estádios R3-R4 adquirem coloração castanho-escura a negra e ficam retorcidas.

Nas vagens em granação, as lesões iniciam-se por estrias e evoluem para manchas negras. As partes infectadas, geralmente, apresentam várias pontuações negras, que são as frutificações do fungo. 

 

4. Mancha-alvo (Corynespora cassicola)

Doença com incidência cada vez maior nas lavouras é a mancha-alvo. Isto ocorre, segundo Cláudia, em razão do aumento da semeadura de cultivares suscetíveis e da baixa eficiência dos fungicidas mais comumente utilizados na cultura. Áreas de soja nos estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Maranhão e Piauí têm sido as mais severamente atacadas, onde tem provocado perdas entre 15% e 25%.

Doença Mancha-alvo (Corynespora cassicola)Mancha-alvo tem provocado perdas entre 15% e 25% da lavoura (Foto: Agro Bayer)

Condições de desenvolvimento da Mancha-alvo

O fungo é encontrado em praticamente todas as regiões de cultivo de soja do Brasil. Aparentemente, infecta um grande número de plantas nativas e cultivadas. Pode sobreviver em restos de cultura e semente infectada. Umidade é favorável à infecção na folha. 

Sintomas da Mancha-alvo

Causada por um fungo, essa enfermidade apresenta, como sintomas mais comuns, manchas circulares de coloração castanha e com pontuação no centro, semelhante a um alvo. “Daí o nome da doença”, evidencia Cláudia. 

As lesões atingem até 2 cm de diâmetro. Cultivares suscetíveis podem sofrer severa desfolha. Também surgem manchas pardo-avermelhadas na haste e nas vagens, e raízes podem ser infectadas. 

Os primeiros sintomas são comumente observados após o fechamento do dossel da soja e da formação de microclima favorável. No entanto, dependendo da cultivar e das condições de clima, podem ocorrer ainda no período vegetativo. 

 

5. Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum)

Também conhecida como podridão-de-esclerotinia, essa doença tem grande importância econômica no Brasil, com perdas estimadas na soja em mais de 30%. 

Doença Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum)Mofo-branco (Fotos: Agro Bayer/Elevagro)



Condições de desenvolvimento do Mofo-branco

De acordo com Cláudia, ocorre, principalmente, em regiões com altitude superior a 700 m, uma vez que o fungo é dependente de temperaturas amenas e alta umidade para se desenvolver. 

Uma das principais formas de introdução do patógeno na área é por meio de sementes contaminadas. Após introduzido o fungo na área, a erradicação se torna mais difícil. Por isso, medidas de prevenção são importantes. 

Esse patógeno pode sobreviver no solo por muitos anos na forma de escleródios. Quando há condições favoráveis, germinam e produzem esporos de infecção. É considerado um dos patógenos mais importantes do mundo, ocorrendo em todas regiões produtoras, sejam temperadas, subtropicais ou tropicais.

 

Sintomas do Mofo-branco

Ao longo do ciclo da lavoura, pode atacar toda a planta, incluindo hastes, ramos, flores e raízes. Causa podridão da região atacada, normalmente em hastes e ramos, amarelando, murchando e secando as folhas. Pode, inclusive, ocasionar a morte da planta. 

Os sintomas iniciais do ataque do fungo são lesões encharcadas onde afeta. Produz, sob as áreas atacadas, uma massa de micélio branco, de aspecto cotonoso, característica marcante da doença.

O período crítico para infecção inicia com a floração. Dessa forma, anterior às primeiras flores, é importante o monitoramento para definição do momento de aplicação de fungicidas, os quais devem ser aplicados preventivamente.

 

6. Oídio (Microsphaera diffusa)

É uma das doenças mais comuns na soja. Ocorre em regiões com maior altitude e temperatura mais amena. Causada por um fungo que tem fácil dispersão pelo vento, a enfermidade ataca a parte aérea da planta.

Doença Oídio (Microsphaera diffusa)
Inicialmente, o oídio causa uma fina cobertura esbranquiçada sobre a folha (Foto: Agro Bayer)

Condições de desenvolvimento do Oídio

A infecção pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Porém, é mais comum no início da floração. Condições de baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (18 °C a
24 °C) são favoráveis ao desenvolvimento do fungo. 

Sintomas do Oídio

Apresenta uma fina cobertura esbranquiçada. Nas folhas, com o passar do tempo, a coloração branca do fungo muda para castanho-acinzentada e, em condições de infecção severa, pode causar o secamento e a queda prematura das folhas. 

 

7. Podridão-de-carvão (Macrophomina phaseolina)

A podridão-de-carvão do fungo Macrophomina Phaseolina é a doença de soja radicular mais encontrada nas áreas cultivadas com soja. Pode ocorrer após o florescimento em condições de estresse hídrico, como veranicos prolongados e temperaturas elevadas.   

Doença Podridão-de-carvão (Macrophomina phaseolina)Podridão-de-carvão (Foto: Elevagro)

 

Condições de desenvolvimento da Podridão-de-carvão

Nas lavouras onde o preparo do solo não é adequado, com formação de camada compactada, as plantas desenvolvem sistema radicular superficial, não suportando deficiência hídrica e tornando-se mais vulneráveis ao ataque do fungo. 

Sintomas da Podridão-de-carvão

O principal sintoma na lavoura são plantas com folhas inicialmente descoradas, que secam e tornam-se marrons. Quando as plantas são retiradas do solo, é possível observar que as raízes ficam cinza. Já a epiderme fica destacada, mostrando massa de microescleródios negros.

A infecção das raízes pode ocorrer desde o início da germinação, já que o fungo é um habitante natural dos solos. Lesões no colo da planta são de coloração marrom-avermelhada e superficiais. 

 

8. Crestamento foliar de cercospora (Cercospora kikuchii

No final de ciclo, quando ocorre a maturação das plantas, há uma maior incidência do crestamento foliar de cercospora. Essa enfermidade faz parte de um complexo chamado de doenças de final de ciclo (DFCs), que podem antecipar a desfolha da lavoura, causando redução de produtividade. 

Doença Crestamento foliar de cercospora (Cercospora kikuchii) 
Crestamento foliar de cercospora (Crédito: C Godoy; M Meyer; A Henning/ Embrapa)

Condições de desenvolvimento do Crestamento foliar de cercospora

O fungo está disseminado por todas as regiões produtoras de soja do país. Porém, é mais severo nas que são mais quentes e chuvosas. É o fungo mais frequentemente encontrado em lotes de sementes, embora não afete a germinação. Pode ser introduzido na lavoura por meio de semente infectada, se não for tratada com fungicida. Pode sobreviver em restos culturais. A doença é favorecida por temperaturas entre 23 °C e 27 °C e alta umidade. 

Sintomas do Crestamento foliar de cercospora

O fungo ataca todas as partes da planta. Nas folhas, os sintomas são caracterizados por pontuações escuras (castanho-avermelhadas) e bordas difusas, as quais formam grandes manchas escuras que resultam crestamento (queimadura superficial) e desfolha prematura. 

Nas vagens, aparecem pontuações vermelhas que evoluem para manchas castanho-avermelhadas. Por meio da vagem, o fungo atinge a semente e causa uma mancha púrpura no tegumento. Nas hastes, provoca manchas vermelhas, geralmente superficiais. Quando a infecção ocorre em nós, o fungo pode penetrar na haste e causar necrose de coloração avermelhada.

 

9. Mancha-parda ou septoriose (Septoria glycines)

É uma mancha foliar causada por um fungo que reside em restos de cultura. A planta pode apresentar os primeiros sinais em seu ciclo inicial, mas apresenta maior incidência na fase de maturação das plantas, associada ao crestamento foliar de cercospora. Essa enfermidade faz parte do complexo de doenças de final de ciclo (CFCs).

Doença Mancha-parda ou septoriose (Septoria glycines)Mancha-parda (Fotos: M Meyer; R Soares; J Yorinori/ Embrapa)

Condições de desenvolvimento da Mancha-parda ou septoriose

A infecção e o desenvolvimento da doença são favorecidos por condições quentes e úmidas. A dispersão dos esporos ocorre pela ação da água e do vento. O fungo necessita de um período mínimo de molhamento de 6 horas e temperaturas entre 15 °C e 30 °C para desenvolver sintomas.

Sintomas da Mancha-parda ou septoriose

Aparecem cerca de duas semanas após a emergência, como pequenas pontuações ou manchas de contornos angulares, castanho-avermelhadas, nas folhas unifolioladas. Em situações favoráveis, a doença pode atingir os primeiros trifólios e causar severa desfolha. Nas folhas, surgem pontuações pardas, menores que 1 mm de diâmetro, as quais evoluem e formam manchas com halos amarelados e centro de contorno angular, de coloração castanha em ambas as faces, medindo até 4 mm de diâmetro. Em infecções severas, causa desfolha e maturação precoce.

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